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Egberto Gismonti nasceu em uma família de músicos em Carmo, pequena cidade do interior do estado do Rio de Janeiro em 5 de dezembro de 1947, filho de pai libanês, Camilo Amim, e mãe italiana, Ruth Gismonti Amim. Começou a estudar piano aos cinco anos. Ainda na infância e adolescência, seus estudos no Conservatório Brasileiro de Música já incluíam flauta, clarinete, violão e piano. Interessou-se pela pesquisa da música popular e folclórica brasileira, chegando a passar uma temporada vivendo com os índios no Xingu.
Em 1968, participou de um festival da TV Globo com a canção "O Sonho", defendida pelos Três Morais. Partiu nesse mesmo ano para a França, onde estudou música dodecafônica com Jean Barraqué e análise musical com Nadia Boulanger. Em 1969, lançou seu primeiro disco, Egberto Gismonti.
Nos anos 1970, Gismonti se dedicaria a pesquisas musicais e voltaria-se quase exclusivamente para a música instrumental. No V Festival Internacional da Canção, em 1970, concorreu com "Mercador de serpentes". A hesitação das gravadoras brasileiras com o seu estilo o levou a procurar refúgio em selos europeus, pelos quais lançou vários álbuns nas décadas seguintes.
O choro o levou a estudar o violão de oito cordas e a flauta, a curiosidade com a tecnologia e a influência da Europa o levaram aos sintetizadores, a curiosidade com o folclore e as raízes do Brasil o levaram a estudar a música indígena do Brasil, tendo mesmo morado por um breve período com índios Iaualapitis, do Alto Xingu.
Entre os músicos com os quais colaborou ou colaboraram com ele, estão Naná Vasconcelos ("Dança das Cabeças", de 1976), Marlui Miranda, Charlie Haden, Jan Garbarek, André Geraissati, Jaques Morelenbaum, Hermeto Paschoal, Airto Moreira e Flora Purim.
Gravou quinze discos entre 1977 e 1993 para o selo alemão ECM, dez dos quais lançados no Brasil pela BMG em 1995. Por meio de seu selo Carmo, recomprou seu repertório inicial e é um dos raros compositores brasileiros donos de seu próprio acervo.
Recentemente,[quando?] sua obra passou a ser gravada por outros instrumentistas como Pedro Aznar, Delia Fischer, Esperanza Spalding, Hamilton de Holanda e André Mehmari.
Casou-se com a atriz Rejane Medeiros, com quem teve dois filhos, Alexandre Gismonti e Bianca Gismonti, ambos músicos.
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Dorival Caymmi (Salvador, 30 de abril de 1914 – Rio de Janeiro, 16 de agosto de 2008) foi um cantor, compositor, violonista e pintor.
Compôs inspirado pelos hábitos, costumes e as tradições do povo baiano. Tendo como forte influência a música negra, desenvolveu um estilo pessoal de compor e cantar, demonstrando espontaneidade nos versos, sensualidade e riqueza melódica. Morreu em 16 de agosto de 2008, aos 94 anos, em casa, às seis horas da manhã, por conta de insuficiência renal e falência múltipla dos órgãos em consequência de um câncer renal que possuía havia 9 anos. Permanecia em internação domiciliar desde dezembro de 2007. Poeta popular, compôs obras como Saudade da Bahia, Samba da minha Terra, Doralice, Marina, Modinha para Gabriela, Maracangalha, Saudade de Itapuã, O Dengo que a Nega Tem, Rosa Morena.
Filho de Dorival Henrique Caymmi e Aurelina Soares Caymmi, era casado com Adelaide Tostes, a cantora Stella Maris. Todos os seus três filhos (Nana, Dori e Danilo) também são cantores, assim como suas netas Juliana e Alice.
Canções Praieiras é o primeiro álbum do cantor e compositor brasileiro Dorival Caymmi, lançado em 1954. Gravado pela Odeon.
A maior parte das canções praieiras de Dorival Caymmi foi composta nos anos 1940. E apesar da distância temporal, a força estética do conjunto permanece intocada. Ou até ampliada: a entrada numa época cada vez mais permeada por sentidos de urgência e ansiedade só fez crescer seu poder sugestivo. Nessas canções, simplicidade e sofisticação interpenetram-se com uma naturalidade que talvez não conheça paralelos na história da música brasileira. Caymmi logrou alcançar o essencial de tal modo, transfigurando com tamanha felicidade todo um universo cultural em objetos estéticos, que chega a ser difícil falar ou escrever sobre isso, como difícil é explicar com palavras um lance de mágica. Só resta levantar, sem nenhuma pretensão, algumas ideias e percepções sobre elas.
Victor Assis Brasil (Rio de Janeiro, 28 de agosto de 1945 — Rio de Janeiro, 14 de abril de 1981), foi um saxofonista brasileiro e um dos mais aclamados instrumentistas do jazz nacional.
Irmão gêmeo do pianista clássico João Carlos Assis Brasil, começou a tocar profissionalmente em 1965, indo depois estudar na Berklee College of Music, Estados Unidos, entre 1969 e 1973. Lá tocou ao lado de Dizzy Gillespie, Jeremy Steig, Richie Cole, Clark Terry, Chick Corea, Ron Carter, Bob Mover entre outros.
Morreu muito jovem, aos trinta e cinco anos, devido a uma doença circulatória rara e grave, a poliarterite nodosa.
Em 1969 viaja para os Estados Unidos e conclui seus estudos no ano de 1973. Durante o período de sua graduação, Victor evolui e amadurece musicalmente. Desponta como um compositor hábil que consegue unir os elementos do Jazz, clássico e MPB fundindo-os com maestria, em uma união quase perfeita entre harmonia e melodia. Em uma de suas férias, em 1970 viaja ao Brasil para gravar mais dois discos, os LP's Victor Assis Brasil toca Antônio Carlos Jobim, lançado no mesmo ano, e Esperanto, lançado em 1974. Ambos os discos, quando lançados, também foram muito bem recebidos pela crítica.
Edison dos Santos Machado, ou simplesmente Edison Machado (Rio de Janeiro, 31 de janeiro de 1934 - Rio de Janeiro, 15 de setembro de 1990) foi um músico brasileiro.
É considerado, ao lado do bateristas Milton Banana, como um dos maiores expoentes da música brasileira quando o assunto é bateria. Criador de conceitos neste instrumento é o responsável por criar a condução de prato no ritmo do samba na década de 1950.
Inovador, arrojado quando chegou ao Beco das Garrafas no Rio de Janeiro, acompanhava Luís Carlos Vinhas e Tião Neto no Bossa Três e o sexteto Bossa Rio liderado por Sérgio Mendes. Criou o grupo Rio 65 Trio criando o rótulo para a MPM "Música Popular Moderna" quando fim da bossa nova e surgimento da jovem guarda. Seu álbum Edson Machado é Samba Novo gravado pelo selo CBS/Sony até hoje é uma grande referência de samba para bateristas brasileiros e bateristas de todo o mundo, que teve arranjos de Moacyr Santos, J.T. Meirelles, Maciel e Raul de Souza tendo todos eles participado no álbum, mais os músicos Tenório Júnior ao piano e Tião Neto, no contrabaixo.
No ano de 1976 Edson viajou aos Estados Unidos por onde residiu por 14 anos. Lá gravou com Chet Baker e Ron Carter. Com o seu grupo Lua Nova apresentou-se em diversos festivais de jazz pelo mundo.
A bossa nova trouxe os instrumentistas para o primeiro plano e alguns viraram estrelas do movimento como o baterista Edison Machado (1934-1990) à frente de uma big band de arrepiar nesta obra prima. Os estonteantes arranjos são do maestro Moacyr Santos, um mestre no uso de sopros (um dos muitos pontos fortes da gravação), de J.T Meireles, flautista, sax-alto e tenor, lider dos Copa 5 e do clarinetista e saxofonista Paulo Moura. Encarregam-se dos trombones Maciel (de vara) e Raulzinho (mais tarde Raul de Souza, no de válvula) e o trompete é o então promissor Pedro Paulo, que na época já tinha tocado com o jazzista Cannonball Adderley. Na cozinha, o pianista Tenório Junior, anos depois tragado pelos porões da ditadura argentina, o baixista Tião Neto e o soberano do samba chiado nos pratos, o próprio Edison Machado. Ele lidera a condução com pulso forte, como demonstra nos solos incandescentes (mas sempre adequados) de Você (Rildo Hora/ Clovis Mello). Em outras faixas, como Menino Travesso (Moacyr Santos/ Vinicius de Moraes), pontuado por escalas rítmicas do piano de Tenório, ele dialoga diretamente com improvisos de Meirelles e Maciel, num arranjo de arquitetura ousada de Moacyr Santos.
Faixas do Disco: Lado A 1. Nanã 2. Só Por Amor 3. Abôio 4. Tristeza Vai Embora 5. Miragem Lado B 1. Quintessência 2. Se Você Disser Que Sim 3. Coisa Nº 1 4. Solo 5. Você 6. Menino Travesso
Johnny Alf, nome artístico de Alfredo José da Silva (Rio de Janeiro, 19 de maio de 1929 — Santo André, 4 de março de 2010), foi um compositor, cantor e pianista brasileiro.
Perdeu o pai, cabo do exército, aos três anos de idade. Sua mãe trabalhava em casa de uma família na Tijuca e o criou sozinha. Seus estudos de piano começaram aos nove anos, com Geni Borges, amiga da família para a qual sua mãe trabalhava.
Após o início na música erudita, começou a se interessar pela música popular, principalmente trilhas sonoras do cinema norte-americano e por compositores como George Gershwin e Cole Porter. Aos 14 anos, formou um conjunto musical com seus amigos de Vila Isabel, que tocavam na praça Sete (atual praça Barão de Drummond). Estudou no Colégio Pedro II. Entrando em contato com o Instituto Brasil-Estados Unidos, foi convidado para participar de um grupo artístico. Uma amiga americana sugeriu o nome de Johnny Alf.
Em 1952, Dick Farney e Nora Ney o contratam como pianista da nova Cantina do César, de propriedade do radialista César de Alencar, iniciando assim sua carreira profissional. Mary Gonçalves, atriz e Rainha do Rádio, estava sendo lançada como cantora, e escolheu três canções de Johnny: Estamos sós, O que é amar e Escuta para fazerem parte do seu longplay Convite ao Romance.
Foi gravado seu primeiro disco em 78 rpm, com a música Falsete de sua autoria, e De cigarro em cigarro (Luís Bonfá). Tocou nas boates Monte Carlo, Mandarim, Clube da Chave, Beco das Garrafas, Drink e Plaza. Duas canções se destacaram neste período: Céu e mar e Rapaz de bem (1953), ambas de melodia e harmonia consideradas revolucionárias, precursoras da bossa nova.
Em 1955 foi para São Paulo, tocando na boate Baiuca e no bar Michel, com os iniciantes Paulinho Nogueira, Sabá e Luís Chaves. Em 1962 voltou ao Rio de Janeiro, se apresentando no Bottle's Bar, junto com o conjunto musical Tamba Trio, Sérgio Mendes, Luís Carlos Vinhas [2] e Sylvia Telles. Apresentava-se no Litlle Club e Top, o conjunto formado por Tião Neto (baixista) e Edison Machado (baterista).
Burnier & Cartier foi uma dupla brasileira formada pelos cantores, compositores e violonistas Octávio Bonfá Burnier e Claudio Cartier. Os dois se conheceram no ano de 1968 no Movimento Artístico Universitário e alguns anos depois passaram a compor juntos, tendo lançado o álbum de estreia Burnier & Cartier no ano de 1974.
Em 1975, com sua canção Ficaram Nus, chegaram na final do Festival Abertura, da TV Globo, onde a dupla teve grande repercussão e, por indicação do cantor Milton Nascimento, foram contratados pela gravadora Odeon para produzir seu segundo álbum. A dupla também integrou o grupo vocal Papo de Anjo, ao lado de Sônia Bonfá, tendo gravado a trilha do programa Sítio do Pica-Pau Amarelo, também da TV Globo.
No álbum de 1976, Burnier & Cartier criam densas melodias vocais ao longo das atmosferas formadas pelos violões acústicos e orquestrações comandadas por Burnier nesse grande disco escondido da música setentista brasileira.
Faixas importantes do álbum: Minha mãe não sabe de mim, D. João, Recreio, À beira do nada, Dia ferido e Sítio Azul.
Sérgio Santos Mendes (Niterói, 11 de fevereiro de 1941) é um músico e compositor brasileiro de bossa nova.
Em 1968.
Sérgio Mendes começou com o Sexteto Bossa Rio, gravando o disco "Dance Moderno" em 1961. Viajando pela Europa e pelos Estados Unidos, gravou vários álbuns com Cannonball Adderley e Herbie Mann, chegando a tocar no Carnegie Hall. Mudou para os EUA em 1964 e produziu dois álbuns sob o nome de "Brasil '64", com a Capitol Records e a Atlantic Records.
Foi nos Estados Unidos que começou o grupo Sérgio Mendes & Brasil 66, alcançando sucesso ao lançar a canção Mas que nada, de Jorge Ben Jor, em versão bossa nova.
Passou longo tempo no ostracismo, lançando discos que tiveram pouco sucesso comercial. Seu reencontro com o grande público se deu em 1984, com o lançamento do disco e sucesso Never gonna let you go, chegando a quarto lugar nas paradas. Pouco depois lançou o álbum Confetti, contendo entre outras músicas Olympia, feita para as Olimpíadas de 1984 em Los Angeles.
Nos anos 90, criou a banda Brasil 99, com a qual gravou o disco Brasileiro, que, além de levá-lo de volta às paradas de sucesso, lhe rendeu o Grammy de 1993 na categoria World Music. Tem mais de trinta discos lançados, e o mais recente deles conta com participações especiais de, entre outros, Stevie Wonder e Black Eyed Peas.
Djavan é o segundo álbum de estúdio do cantor, compositor brasileiro Djavan, lançado em janeiro de 1978. Traz músicas que marcaram sua carreira, como "Serrado"; "Cara de Índio", da trilha da novela Aritana; "Álibi", sucesso na voz de Maria Bethânia em 1978; e "Samba Dobrado", sucesso na voz de Elis Regina em 1979. Em 14 de abril de 1979, a canção "Serrado" ganhou videoclipe pelo programa Fantástico, da TV Globo.
Alvaro Neder em sua crítica para o AllMusic concedeu ao álbum 4 de 5 estrelas, chamando-o de "excelente", dando ênfase as canções "Serrado", classificando-a como "animada", "Numa Esquina de Hanói," "Samba Dobrado," além de "Álibi", chamando-a de intensa, a "evocativa" "Cara de Índio," e a sensível "Água". Mauro Ferreira do site Notas Musicais foi extremamente positivo devido ao "leque rítmico mais diversificado do que seu antecessor," afirmando que "foi o disco que sedimentou a marca desse cancioneiro que djavaneia samba, balada, blues, música africana e jazz com toque personalíssimo.
Clássico álbum eletrônico do tecladista Renato Mendes, gravado para a RGE em 1974 - com produção de Hélio Costa Manso. Sucessos nacionais das décadas de 50, 60 e 70 em versões especiais que tornaram esse disco uma peça cult.
Considerado o primeiro disco eletrônico, precursor e inovador na estética eletrônica.
Coisas, o primeiro álbum solo do instrumentista, compositor, arranjador, maestro e professor pernambucano Moacir José dos Santos (1926 - 2006), é gravado nos estúdios da RCA Victor em 23, 24 e 25 de março de 1965 e lançado em LP no mesmo ano. A obra recebe esse título porque o artista, um exímio estudioso da música erudita, se inspira na numeração dos opus da música clássica. Como suas composições se inserem na área popular, decide, então, identificar as criações como “coisas”. Dessa forma, cada “coisa” é numerada de 1 a 10, sem necessariamente obedecer a uma ordem no repertório.
As dez faixas instrumentais compostas e arranjadas pelo músico para o álbum apresentam uma fusão de jazz com ritmos afro-brasileiros. Algumas são feitas em parceria com outros músicos, como Mário Telles (1926 - 2001) – Coisa nº 10, Nanã e Coisa nº 7 –, Regina Werneck (1937) – Coisa nº 9 e Coisa nº 8 – e Clóvis Mello – Coisa nº 1.
A primeira edição do disco, pelo selo Forma, traz um texto assinado pelo produtor Roberto Quartin (1943 - 2004), que resume o seu valor histórico: “Trata-se de um músico negro escrevendo música negra e não de um garoto de Ipanema contando as tristezas da favela ou de um carioca, que nunca foi a Petrópolis, a enriquecer o cancioneiro nordestino”.
Isso porque a obra contrasta radicalmente com o tipo de música feita no Brasil na década de 1960. Se Coisas se distancia da bossa nova pelas fortes características regionais, ritmos africanos e tempos quebrados, também se mantém longe do bebop e do hard bop que se ouvem no Beco das Garrafas, tradicional reduto boêmio do Rio de Janeiro. Justamente por não se encaixar em rótulos, a sonoridade criada por Santos é uma das responsáveis pela renovação da música instrumental brasileira.
Durante os anos 1960, Moacir Santos atua também como compositor de trilhas para diversos filmes brasileiros ou filmados no Brasil, como Seara Vermelha (1963), do italiano Alberto D’Aversa (1920 - 1969), Os Fuzis (1964), de Ruy Guerra (1931), e O Beijo (1964), de Flávio Tambellini (1925 - 1976). Várias composições incluídas em Coisas nascem do trabalho nesses filmes ou são reaproveitadas neles. É o caso de Ganga Zumba, de Cacá Diegues (1940). O tema de abertura do longa é a faixa Coisa nº 5. A mais famosa composição de Moacir Santos – também chamada de Nanã – tem mais de 150 gravações diferentes, incluindo as dos jazzistas norte-americanos Herbie Mann e Kenny Burrell.
Em um passeio pelo Parque Guinle, no bairro carioca da Glória, o maestro imagina uma procissão e começa a entoar as sílabas “nã, nã, nã, nã”. Passa então a tocar a melodia ao clarinete, em companhia de Baden Powell (1937 - 2000) e Tom Jobim (1927 - 1994), em reuniões informais. Em uma delas, na casa da cantora Nara Leão (1942 - 1989), chama a atenção do cineasta Cacá Diegues, seu futuro marido. Diegues decide usar o tema em seu filme, na voz de Nara – a primeira artista a gravá-lo em versão scat singing, em seu disco de estreia, de 1964.
O compositor Vinicius de Moraes (1913 - 1980) chega a fazer alguns versos para a letra da música, mas não agrada a Moacir Santos devido ao teor “sensual”. “Nanã é uma mistura de sons onomatopaicos e ao mesmo tempo o nome de uma divindade africana, que pode ser a mãe de Nossa Senhora ou a deusa do mar, dependendo da religião”, comenta o maestro.
Cabe a Mário Telles fazer a letra definitiva da canção, gravada em 1964 por Wilson Simonal (1939 - 2000). Nesse mesmo ano, Moacir Santos – que atua como professor e acaba por influenciar grandes talentos da música brasileira, como Paulo Moura, Nara Leão, Baden Powell, João Donato (1934), Roberto Menescal (1937), Dori Caymmi (1943), Raul de Souza e Airto Moreira (1941), entre outros – passa duas composições de sua autoria para o então aluno Sérgio Mendes (1941): Nanã e Coisa nº 2. O maestro sugere dois trombones e um saxofone tenor. Surge aí o esquema original do grupo Sérgio Mendes & Bossa Rio, que grava as composições citadas em seu disco Você Ainda Não Ouviu Nada (1964). Geraldo Vandré (1935) grava Coisa nº 7 com o nome de Dia de Festa, no disco Hora de Lutar, de 1965, assinando a parceria com Moacir Santos.
O fato de compor arranjos sem conhecer as regras faz com que Santos se inicie em teoria musical e estude com César Guerra-Peixe (1914 - 1993) e mais tarde com o maestro alemão Hans-Joachim Koellreutter (1915 - 2005), um dos mais cultuados professores de harmonia na música erudita de quem Santos depois se torna assistente. Mesmo assim, não perde a africanidade em suas composições.
A originalidade presente nas criações do músico – que se sobressaem pelos arranjos sofisticados, inusitadas combinações de timbres e encadeamentos harmônicos surpreendentes – é resultado de alguns fatores. Entre eles, a ocorrência de ritmos cruzados, a alternância entre a harmonia jazzística e o erudito moderno, e a imprevisibilidade das melodias (devido ao fato de o músico não compor a partir do desenvolvimento de células melódicas simples).
Coisas tem seu lançamento em CD apenas em 2005, graças à ampla repercussão no meio musical do CD duplo Ouro Negro, de 2001, que praticamente relança Moacir Santos para a nova geração da MPB. O álbum resgata obras contidas em Coisas e em outros três discos de Santos – The Maestro (1972), Saudade (1974) e Carnival of Spirits (1975) –, apresentadas com seus arranjos originais, transcritos pelos produtores do disco, o violonista e arranjador Mario Adnet (1957) e o saxofonista Zé Nogueira (1955). O CD conta com a participação especial de Milton Nascimento (1942) em Coisa nº 8. O LP é um dos discos mais raros da música brasileira em sua edição original e, em 2013, é reeditado em vinil pela fábrica carioca Polysom.
Miles Dewey Davis III (Alton, 26 de maio de 1926 – Santa Mônica, 28 de setembro de 1991) foi um trompetista, compositor e bandleader de jazz norte-americano.
Considerado um dos mais influentes músicos do século XX, Davis esteve na vanguarda de quase todos os desenvolvimentos do jazz desde a Segunda Guerra Mundial até a década de 1990. Ele participou de várias gravações do bebop e das primeiras gravações do cool jazz. Foi parte do desenvolvimento do jazz modal, e também do jazz fusion que originou-se do trabalho dele com outros músicos no final da década de 1960 e no começo da década de 1970.
Miles Davis pertenceu a uma classe tradicional de trompetistas de jazz, que começou com Buddy Bolden e desenvolveu-se com Joe "King" Oliver, Louis Armstrong, Roy Eldridge e Dizzy Gillespie. Ao contrário desses músicos ele nunca foi considerado com um alto nível de habilidade técnica. Seu grande êxito como músico, entretanto, foi ir mais além do que ser influente e distinto em seu instrumento, e moldar estilos inteiros e maneiras de fazer música através dos seus trabalhos. Muitos dos mais importantes músicos de jazz fizeram seu nome na segunda metade do século XX nos grupos de Miles Davis, incluindo: Joe Zawinul, Chick Corea e Herbie Hancock, os saxofonistas John Coltrane, Wayne Shorter, George Coleman e Kenny Garrett, o baterista Tony Williams e o guitarrista John McLaughlin.
Como trompetista Davis tinha um som puro e claro, mas também uma incomum liberdade de articulação e altura. Ele ficou conhecido por ter um registro baixo e minimalista de tocar, mas também era capaz de conseguir alta complexidade e técnica com seu trompete.
Em 13 de Março de 2006, Davis foi postumamente incluído no Rock and Roll Hall of Fame. Ele foi também incluído no St. Louis Walk of Fame, Big Band and Jazz Hall of Fame, e no Down Beat's Jazz Hall of Fame.
Kind of Blue tem sido citado como o álbum de Miles Davis mais vendido da sua carreira, bem como o álbum de jazz mais vendido da história. Em 7 setembro de 2008, o álbum foi certificado pela RIAA (Associação das Indústrias Fonográficas Americanas) com um álbum de platina quádruplo. Kind of Blue é também reconhecido por muitos fãs, críticos e ouvintes de jazz como o maior álbum de jazz de todos os tempos, frequentemente alcançando o topo listas de "melhores álbuns" de vários outros gêneros além do jazz. Em 2002, a gravação do álbum foi uma das 50 escolhidas naquele ano para o Registro Nacional de Gravações da Biblioteca do Congresso Americano. E Em 2003, o álbum foi classificado em 12º lugar pela revista Rolling Stone em sua Lista dos 500 melhores álbuns de sempre. Em 30 de setembro de 2008 um box do 50º aniversário de lançamento do álbum foi lançada pela Columbia/Legacy Records.
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